Marcela Argollo
Contrata-se funcionário sem experiência prévia, porém com vasta solidez moral.
Defendo muito a linha de raciocínio de que todo perfil psicológico de um indivíduo é formado na sua infância (até os 7 anos) e testada dos 7 aos 14 anos. É de responsabilidade dos pais realizar a educação e formação da consciência moral de uma criança.
E o que é consciência moral? A consciência moral é uma hierarquia de valores, e também da finalidade do ato, seja ele bem ou mal. Ela consiste na capacidade do ser humano observar a própria conduta e formular juízos sobre os seus atos passados e suas futuras condutas e/ou intenções.
A consciência moral possui 3 pilares:
Base racional: é com a racionalidade que se permite analisar criticamente aquilo com que nos deparamos, avaliar as ações pessoais e as dos outros, confrontando o que queremos fazer com aquilo que julgamos que devemos fazer.
Elemento afetivo: As relações interpessoais manifestam na consciência uma componente emocional tão forte que é capaz de dinamizar a ação humana do mesmo modo que a razão. Por vezes, junta-se à razão, colaborando e reforçando o seu papel. Assim, quer os sentimentos positivos de amor, amizade, simpatia e fraternidade quer os seus contrários manifestam uma “lógica” própria que interfere de modo significativo na ação.
Componente social: É interagindo com os demais indivíduos e através do processo de educação que a consciência moral se vai formando. O seu desenvolvimento passa pela interiorização de um “dever-ser” que lhe vai sendo apresentado por diferentes núcleos tais como família e escola no decorrer do processo de socialização.
Já dizia o filósofo Platão, que é preferível a ignorância absoluta do que o conhecimento em mãos inadequadas. Para se ingressar na academia de Platão, era necessário realizar um vestibular moral, no qual não se importava com o que o indivíduo sabia e sim a base moral que este indivíduo tinha para o que futuramente viesse a aprender todos os conhecimentos necessários (hard skills).
Portanto entendo que o critério de seleção de funcionários deveria ser um pouco distinto do que se é atualmente, com uma série de portfólio extenso com cursos e faculdades de peso no CV, porém sem o devido e adequado julgamento da moral daquele candidato, e sem a análise apurada dos seus soft skills.
O que importa é a base moral que você tem para o que você vai realizar dentro de uma organização e como você lidará com as situações de stress e de convívio com os demais. É necessário testar o caráter do candidato e não se ele possui conhecimentos prévios, pois conhecimentos (hard skills) consegue-se através de treinamentos e mentorias adequadas a capacitar este indivíduo a exercer a função que lhe é cabida.
Se é contratado um funcionário com vasto conhecimento específico e com um CV com demasiados cursos, porém sem uma base moral sólida, este pode a qualquer momento ter atitudes duvidosas e até vender informações sigilosas da empresa para o mercado. É este o perfil de colaborador que você quer para sua organização? Acredito que não.
Por este fato é que se faz necessária realizar uma interface entre as áreas de RH (Recrutamento, seleção e treinamento) com a área de Compliance. Isto porque, tendo um colaborador na área de Gestão de pessoas que tenha foco no mapeamento dos soft skills, análise do moral tanto dos colaboradores já dentro da organização, quanto aos futuros candidatos, a empresa consegue identificar as pessoas que estão em linha com a política e cultura organizacional e aplicar treinamentos mais efetivos, conseguindo assim uma homogeneização cultural.
